quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Memórias metafísicas de um desempregado: sobre as miragens do primeiro céu.

Memórias metafísicas de um desempregado: sobre as miragens do primeiro céu. I O motor de carros e perfuradeiras e escavadeiras e tratores, dão o tom do dia ao longo das horas de trabalho. O ruído perpétuo das engrenagens vigiam o sono tranquilo do homem cercado de compromissos. Responsabilidades parcelares e inteiras para si próprio, meias verdades feitas de preguiça e sedução. Trabalhando por dinheiro, por amor ao prazer. Gostar de comer em restaurantes finos, ocupar a solidão com carne e beleza, se encher de técnicas que ensinam o humano a se robotizar. Chamar toda essa merda de profissão, de trabalho, de cultura. Se sentindo um cara ético, rígido e super excitado de frente para uma mulher boneca pensando no meio da trepada no suborno de amanhã...este é o inverso do mendigo. Melhor seria fugir do mundo das torres de vigia e câmeras, ir para o meio do cerrado. Ver o céu cravado de estrelas prateadas, sabendo que elas estão a milhões de anos luz, e que a imagem que vemos é passado, mesmo assim sonhar que se está junto às constelações caçando no céu, como um antigo selvagem, todos os animais do zodíaco e bêbado de alegria gozar urrando bem alto o amor. Alegrando assim a mulher que a imaginação cria. Utopia concreta companheiro! Da beleza de um encontro fortuito de uma conversa serena sobre o fim do euro e o perigo do desemprego, e na mansidão de um sono tranqüilo deixar a luz dos sonhos encher a alma de esperança sabendo que no Céu anjos entoam hinos maravilhosos a Deus. II O prazer criado pela linguagem e imagem, produz uma necessária angústia quando se finda e a solidão domina, pois que faz a consciência girar em torno de um vazio. Deitou e rolou uma noite inteira na cama com pesadelos e angústias no peito. Uma solidão agitada, tentando entender porque um vagabundo que mora na rua fuma crack para tentar morrer de prazer. Querendo morfina, ou tomar alguma coisa pra esconder de si o peso da alma. E de tão doido e de tão triste entrar em uma Igreja evangélica gritando: Jesus!Cadê você? E ser exorcizado e chorar querendo apenas um amigo verdadeiro, e ver uma gente contraditória e apaixonada a sua volta. Chorar para fazer ruir as dores da alma. No entorno desse homem espíritos imundos partem gritando, feras celestes que rodopiavam o louco feito moscas. Longe ao redor anjos espreitam, com correntes e espadas de fogo, asas de relâmpagos e voz de trovão. A fé salvou a razão. III Depois de muita discussão e debate caímos geralmente na metafísica. Certo dia ouvia algumas pessoas que diziam que o “eu” seria uma ilusão. Talvez assim justificaria toda dor e tristeza advinda de uma vida sem riquezas ou aventuras, entretanto isso é melhor que ser um oportunista sortudo e egoísta. Uma pessoa triste que só conheceu aflição não deve se identificar com seu “eu” realmente. Eles porém argumentavam sobre um “eu superior”, expressão da realidade eterna, escondida sobre as aparências do mar de paixões que é o mundo. Vocês estão falando do nós?” indaguei, eles disseram “Não! O eu superior é a identidade com o divino. Um outro disse que seria a expressão da divindade na gente. Não duvidei, nós os homens nos guiamos pelas nossas crenças, pelas idéias, por mais absurdas que sejam. Entretanto o que fazemos com toda essa realidade que gera nosso eu cheio de ilusões? Transformaremos ela em um bezerro de ouro? Como fugir da realidade das ilusões sem negar o nós, gerador dessa ilusão. Podemos mudar de roupa, de casa, mas não podemos fugir de nós mesmos. Somos seres sociais, usamos dinheiro, estamos na linguagem, na gramática, na gíria, nas coisas que fabricamos. Quando caminhamos por muito tempo, cansamos. Seria isso também uma ilusão? O trabalho a fome que bate são bem reais, ficar bêbado, triste ou alegre...tudo isso expressa meus sentimentos pelo mundo, por um nós, por um você. Daí a necessidade de uma física das ilusões contrária a essa metafísica. Pois essas ilusões pesam e podem ser medidas. Meu eu é um nós, e por mais que se diga que esse eu efêmero, passageiro e pequeno seja ilusão, padecemos de uma ilusão bem real. É daí que partimos da identidade com o semelhante e depois, através da compaixão, da identidade com o diferente. A morte não interessa, o que interessa é o agora, o que virá depois, amanhã, é mistério. Trocando de casa, dormindo em sofás, procurando emprego, ver um mendigo bêbado, louco, cantarolar, gritar com o vento. Tentando exorcizar os próprios demônios. O efêmero e o passageiro. A brevidade da vida são temas, passagens que apontam para o eterno, o que faz essa passagem é a palavra. Dizia o profeta, melhor, o santo, que “a boca fala aquilo de que o coração está cheio.” Talvez esse eu superior seja a consciência de que tudo passa e morremos, que a única coisa que sobra é a lembrança, não a humana somente, a material também. Deixamos nossa marcas nas pedras, nas folhas, na materialidade dos fatos numa arqueologia ainda por se descobrir. Tudo isso leva a crer que a felicidade só pode se basear na consciência de uma boa luta, independentemente das circunstancias históricas, essa é a alegria de se lutar um bom combate. Meu eu é produto de um nós em luta contra as seduções das nossas mais apaixonadas opiniões, fugir com astúcia tanto da vaidade, coisa dificílima para qualquer homem, como da falsidade, um atributo dos nossos momentos de fraqueza, dos maus, da maioria que faz a moda. Para isso é necessário saber que tudo é palavra, que tudo se dá na articulação entre prática e linguagem, e de que erros e esboços existem, na realidade somos um esboço permanente enquanto vivemos. IV Uma das dificuldades da linguagem é que ela revela sua forma última na escrita, a habilidade de escrever tenta imitar e superar o falar. O escrever é o silêncio que vale mais que horas de diálogo e tagarelice. Quem fala como escreve é perfeito ou escreve tão mal como fala, ou seja é perfeitamente coerente consigo mesmo. O ato de escrever transforma o homem animal em objeto de si mesmo, em animal político em legislador de si, testemunha, réu e juiz. Entretanto não se pode escrever tudo o que se pensa, nem pensar tudo o que se escreve, pois a escrita está em um além, em um céu que é tão misterioso para nós como o céu do homem primitivo, céu este, mitológico e que apesar de ter guiado seus passos, de ter lhe indicado as direções, o norte e o sul, aparecia como uma esfera que girava em torno de si e de seu mundo, o seu horizonte de miragens. Nosso etnocentrismo é a primeira miragem, tanto da escrita como da fala. O primeiro céu é a linguagem etnocêntrica, e só através do desvendamento de suas miragens e alucinações é que podemos alcançar o verdadeiro céu com nuvens e trovões, estrelas e abismos, galáxias e seus limites com novas miragens e ilusões...que em sua expressão última enganam o físico, o astrônomo e o escritor. Porém o segredo para vencer a ilusão é a humilde paciência sensível, que anda incansavelmente em torno da verdade, sem se preocupar com as contradições que aparecem, seja os sentimentos para o poeta seja a matéria para o físico. Por isso confessar sobre nossos erros e ilusões é o que temos de mais precioso. Não ter medo de ter sido incoerente, reconhecer os erros. Deve-se tomar cuidado com as confissões. Pois para confessar é necessário coragem. Manter a consciência é algo que exige sobre tudo uma correta visão das circunstâncias e um ponto de fuga, uma idéia que relativize necessariamente a força das circunstancias. Eis ai um mistério pois também temos de certa maneira que contar com uma boa sorte, independentemente das circunstancias, isto é, confiar no raciocínio mas antes de tudo torcer para que as condições que produzem a ilusão mudem, pois assim somos agraciados em nosso trabalho por um nuance de ilusões fornecido pela própria existência. Este nuance é a contradição que abre as portas para a realidade, isto se a contradição for investigada criticamente pela consciência. Por isso devemos enxergar a poesia, o experimentalismo descompromissado com o conhecimento e os sonhos como indícios para esse ponto de fuga. Fugir dos excessos, da tagarelice, das fixações com idéias e práticas. V É evidente que fora do quadro da situação, do conjunto das circunstancias só o sonho pode vislumbrar a boa fortuna, mas o sonho só pode enxergar esse real como caricatura, parcela de uma realidade maior. É na noite por entre surrealismos e pesadelos que os sonhos mais reais nos vêm a consciência sem se preocupar com as exigências dos nossos desejos e fantasias. Na verdade esse sonho só é compreensível se for descodificado pela interpretação consciente e política do real. Em situações de risco a consciência anda junto com a fé, de certa maneira é sua interprete e os sonhos expressam essa relação. Deve se testar os sonhos através da luta, é no universo da pratica orientada pela utopia que o conteúdo dos sonhos se revelam, que uma poesia selvagem toma forma. VI A consciência deve ser salva, deve-se buscar através das circunstancias um além não dado, uma esperança, mas essas condições só são fornecidas pelas contradições no interior da própria circunstancia: desemprego, dependência econômica e tempo livre. Ora o trabalho assalariado torna-se a consciência do real para o trabalhador, apesar dele poder sempre criticar este trabalho, tentar ir além, esta preso ao trabalho como o gado à grama do pasto, mas o desempregado não vai além, está aquém do sistema, na margem e não no centro do processo social. Por isso que por mais vulgar que seja sua consciência ele deve ser um critico do topo social que se eleva apartir do centro. Entretanto quando este realiza a critica sua consciência só têm duas saídas, a inércia seguido da loucura, ou a luta. VII A negação dos sonhos são os medos que cultivamos ao longo do dia, medo cristalizado pela experiência da dor e da tristeza, deve-se sempre ter em estima valores de solidariedade e compaixão como expressões da vida. Pois em momentos de abandono, dor e solidão o que pode trazer à alma esperança? Entre as muitas possibilidades, saber enxergar com esperança o que melhor a vida produziu espontaneamente nas relações entre as pessoas, mesmo que esse melhor seja uma abstração, um negativo das duplicidades, isto é, a negação do mal em uma imagem alegre de novidade e criação. Deve se afastar física e mentalmente das circunstâncias infortunas, para isso é necessário orientar a ação para a produção de boas obras, seja na arte, na política ou como um incansável físico em meio a seus cálculos e experimentos. VIII É lógico que o dinheiro não pode fazer nada, quem o faz são as paixões de quem o detêm. Boas idéias sozinhas são só boas idéias, mas através do laborioso trabalho criativo podemos não só exorcizar nossos demônios, como criar coisas novas e belas e se tivermos sorte, gerar alguma riqueza. Boas idéias possuídas pela riqueza tornam-se idéias irresistíveis. No caso contrário, uma má idéia acompanhada de dinheiro gera quase sempre um vício uma compulsão...sozinhas essas más idéias não passam de uma infeliz expressão mental. IX Compreender a consciência que exprime o topo, o centro dos valores sociais exige ver que os valores da margem são o negativo dos valores do topo, paixões desprovidas de seu objeto, daí os resultados, frustração, medo, violência. No topo essa consciência provida de seus objetos de desejo gera o seu contrário, satisfação coragem e sedução, entretanto o topo e a periferia formam um único sistema. Deve então fugir desse esquematismo, para isso é necessário colher e construir a consciência fora desse esquema, apropriando-se dos elementos de coragem da consciência do topo, com a compaixão e solidariedade que municiam a luta para além do centro, e da margem, deve se evitar o abismo, deve-se usar criticamente a tristeza, convertendo de frustração para uma indignação serena, uma raiva justa e sabiamente política. X Para isso é necessário a construção de um outro sentido de alegria e festa. Fundamentada na coragem que só vem com a disciplina e trabalho, ela não pode ser apropriada em uma inércia de satisfação, o prazer deve vir no fim do processo para se tornar alegria. Se afastar de um momento cerimonial de um sentindo de festa, isto é; a festa marcada, com horário para começar e acabar, à festa cobrada opomos um sentindo de festa mais utópico, um não lugar, isto é; festa como o casamento feliz de duas alegrias distantes e semelhantes. O uso de bebidas, de fumos, incensos, a comida é o coroamento de uma alegria já realizada e fértil, é o rito que celebra o começo de uma nova história. XI Deve-se ter paciência e fugir da multidão do mundo, dos seus preconceitos. Dos nossos vícios, soberbas,vaidades e medos, do preconceitos e ignorância dos pais, da má fé e ignorância dos ricos, da vaidade e soberba dos pobres, das imbecilidades da família, de todos aqueles que não buscam a verdade, e a substituem por jogos e novelas. Presos pelo seus bens, pelo trabalho alienado, repetitivo, cotidiano. Cegos pela propaganda, pela mídia, por pastores, psicólogos, pilantras, promíscuos, por todo tipo de gente desgraçada, acreditam que o estudo é uma etapa, que basta ir à aula, ou comprar diplomas. Incapazes de admitir que o estudo permanente é o principal dever do ser humano, é o que o diferencia dos animais. Burros cumpridores de ordem, mantidos presos dentro de um cronograma, gente que não é pobre de espírito, pois esses, carentes que são de conhecimento, humildemente ouvem a quem acham sábio ou filosofo. Mas o miserável preconceituoso por vezes nos faz duvidar da humanidade da humanidade, estes são piores que os animais, pois são cheios de remorso, inveja e ciúmes, se assemelham ao latido seco dos cães, ao esterco dos pastos. Entretanto há o forte. Aquele que carrega a humanidade nas costas, ou a chuta pela ladeira. O nobre, o virtuoso, o homem de muitas dores, têm de prestar atenção ao ódio, pois a força deve se direcionar para a criação, e o ódio destrói. Sua força criativa tem de transformar o barro do mundo em humanidade, pois o grande exercício da humanidade é o amor, não como desejo somente, mas como pratica política. O forte que por falta de amor considera sua vingança um favor ao verme invejoso, fortelece aquele que despacha em meio a pilhas de papéis as misérias da existência social. O forte que esmaga com guerra a mediocridade do mundo, deve saber que sua força e destruição se voltará contra ele mesmo, o ódio deve se abster de seu objeto, da carne, do corpo. Deve se odiar, pois o ódio também liberta, mas deve se odiar praticas, hábitos e não pessoas. Tarefa imensa para quem depois de muito sofrimento têm toda essa humanidade miserável em suas mãos, a vontade e fazê-la sofrer mais ainda, exterminá-la, entretanto a sabedoria é o amor. Dizem que os povos merecem seus tiranos, eu digo que o tirano faz por merecer o povo que têm.Ver Muamar Kadafi linchado e executado por seu povo só nos faz constatar certa justiça nas bombas, na guerra, na destruição que ele causou ao seu povo, que clamava por ele em grandes comícios públicos. Foi o povo que lhe deu tanto poder, foi o povo que tirou este mesmo poder. Cada um mereceu o mal produzido pelo outro, pois o amor passou ao longe. XII Deve-se ir ao deserto, se afastar dos vícios, comida, prazeres, mandos e fazeres. O que pode trazer serenidade em um deserto? Se essa miséria do mundo se aloja também em meu coração, como suportar nossa consciência? Nós padecemos por aquilo que nosso coração deseja, bons desejos são aqueles que são mediados pela consciência de um longo tempo, de um distanciamento em paz com as coisas. No deserto nossos desejos e necessidades nos consomem, soma-se isso às feras a rodear nosso sofrimento, predadores de toda ordem, deve-se lutar contra elas também. O sofrimento é fundamental para o alcance da verdade, deve-se saber sofrer e lutar racionalmente contra a ilusão do mundo, expressa na consciência circunstancial, a imagem de sedução da realidade. Então somente após um afastamento, de um retiro forçado pelo perigo das circunstâncias, podemos trazer a boa consciência, não apenas a consciência astuta, rápida! mas ainda circunstancial, devemos dar vida à consciência letrada, mediada por uma experiência relativizada pela memória de um longo tempo. No deserto só contamos com nossa linguagem, com nossa memória e experiência. Nossos objetos de desejo e necessidades estão lá apartados de nós. Por isso a esperança aponta para uma existência transcendental quanto firmada na esperança, no âmago da imanência da nossa experiência, daí depois de muito sofrimento chega-se a intuição fundamental, deve haver Deus! o Deus dos antigos, dos fracos e oprimidos, o Deus criador. Depois da luta contra si, a redenção só surge depois da vitória sobre as feras do deserto, que se expressam em nossa memória como forças humanas, sociais e históricas! Sobreviver a esse deserto é algo extraordinário, um verdadeiro milagre! XIII Nossa consciência é tudo que temos. A consciência social possui a natureza contraditória expressando conflitos e oscilações de classes, grupos e indivíduos e por isso é crítica e não reproduz a ideologia dominante, sua incoerência e incompletude é o que ela têm de mais rico. Essa consciência parte de um mal estar com as classes dominantes, está na fala de todos os aflitos, oprimidos e evidente nos críticos sociais, filósofos que se comprometem com os sofredores, os desterrados do mundo. Logo este pensamento critico têm que se construir apartir da margem, da revolta, da tristeza dos malditos do status quo. A todo momento a arte expressa isso, principalmente a música popular de protesto, o repente e o rap, as canções de protesto da década de 60. No âmbito da cultura universal temos o quadrinhos, o cinema não alinhado, a arte engajada, e toda e qualquer literatura que ultrapasse o formato das produções comerciais. Uma poesia violenta que se escreve em um quarto sujo quanto se está mal, um clássico da literatura universal, um conto polêmico de expressão local, ou seja todo e qualquer testemunho histórico, toda e qualquer expressão da literatura crítica. XIV A política de contestação, a prática criativa parte de uma apropriação crítica da cultura, das tradições, dos discursos. Entretanto como essa política de contestação não é dada, deve partir de uma expressão legitima de mal estar, indignação e revoltas justas, só assim podemos compreender a importâncias dos sonhos para alimentação desse imaginário oprimido pela sociedade de classes. XV A literatura, a música, e a filosofia são fundamentais para a reconstrução do imaginário crítico, expressões de uma classe social oprimida. Única força que pode realmente se opor à ideologia dominante com sua utopia abstrata construída por cima do trabalho humano através da tirania de classes. Neste ponto a pressão da sociedade capitalista recua pois já não pode justificar-se enquanto discurso. Embora saibamos que os recursos da política capitalista não se restringe à produção de imagens ídolo, imagens mercadoria. O uso da violência é um recurso constante das formas de domínio capitalista, sendo tarefa da democracia representativa frear a natureza violenta do sistema, mas ainda assim a democracia representativa é limitada, é necessário uma democracia direta. Daí a necessidade do imaginário utópico das classes oprimidas partir criativamente da realidade posta, as vezes imposta, em direção à criação da democracia direta.Essa construção é produto da comunicação, da articulação política através de laços e solidariedade, do compartilhamento dos sonhos, e utopias concretas. XVI É a interpretação critica dos fatos sociais que pode fazer a leitura correta dos sonhos sociais mais elevados. Freud ao revelar os sentidos recalcados dos sonhos individuais noturnos, enxergando nas imagens alegorias de proibições e tabus sexuais avançou muito na libertação do sonho onírico (noturno) das mãos do misticismo e da idolatria exotérica. Seus críticos no século XX, em especial os oriundos da chamada teoria critica demonstraram que essa repressão advém não apenas do núcleo familiar(visão burguesa) mas da organização das relações de produção e trabalho. Sim até nossos sonhos mais íntimos expressam a sociedade capitalista em que vivemos, clichês da indústria cinematográfica, a moda, tomar coca-cola em um sonho no meio da noite e etc. Apenas quanto voltamos nossos sonhos para a consciência para o despertar que podemos ver as relações sociais por de trás dos sonhos, relações sexuais, relações de trabalho e consumo. XVII Uma das interpretações pioneiras, e críticas dos sonhos, está presente na literatura bíblica do velho testamento. José no Egito interpretou o sonho do faraó não em termos puramente simbólicos, mas sociais. No sonho ele via 7 vacas gordas pastando, então saiam do Nilo 7 vacas cadavéricas e devorava as 7 vacas gordas. A interpretação em vez de recorrer a alguma história ou conspiração da coorte e ao destino pessoal do faraó, expressava antes o destino da sociedade egípcia e do faraó em particular. As 7 vacas gordas representavam anos de fartura e a 7 vacas magras anos de fome e seca, isto é, o sonho estava atrelado à relação entre os ciclos da natureza e a sociedade egípcia, em resumo à economia do Egito da época e sua relação com os ciclos da natureza, então a solução prevista para a crise foi de ordem puramente política administrativa. José elevado ao cargo de administrador geral estoca um quinto da produção do Egito durante os anos de fartura fortalecendo o poder real durante e depois grande seca. A interpretação dos sonhos em seus termos políticos e econômicos aponta para uma um rearranjo das relações entre economia política e natureza. XVIII A questão da produção da ideologia no capitalismo se forma apartir do rapto da subjetividade humana, e da criação de fetiches, sonhos de consumos, estilo de vida e etc. A única instancia critica são outros modos de vida que habitam o interior do capitalismo, modos esses respostas ao um mal estar e de uma resistência ao capitalismo, são momentos criados pela luta contra o capitalismo, na luta por justiça e libertação das classes sociais dominadas através do trabalho. Essa exploração do trabalho no capitalismo além de gerar e criar uma miséria material, também gera uma miséria mental. Da resistência à essas formas de alienação e exploração que surge os movimentos de contestação ao capitalismo, isto é, a critica ao capitalismo surge da luta real contra os pressupostos do capital em uma guerra permanente entre povo oprimido e classe opressora. Luta essa nem sempre consciente. Infelizmente à maioria das pessoas é adepta da religião do capital, ao culto da mercadoria, dos astros de Hollywood, eles expressam a forma ideológica da mercadoria, são sugestionados e adestrados pela propaganda, cultuadores de novelas e etc, estes estão em perfeita harmonia com o sistema e só podem ter consciência em momentos de crise e aflição mental, então a consciência se abre para formas outras, por vezes críticas, do capitalismo.Este momento de consciência involuntária produzido pelos conflitos do capitalismo se expressam na instancia noturna da consciência, na instancia onírica, poética, literárias, nos sonhos que se mostram como lembranças de pesadelos ao acordar de manhã. Essa consciência critica, toca a consciência voluntaria determinada pelo trabalho repetitivo, mas a toca sob a forma de alegoria, sob a forma de lembrança de sonho, imagem e visão. Entretanto a interpretação do sonho, isto é seu despertar, só advém com a consciência dos conflitos sociais e da relação do homem com a natureza, ou seja através da investigação da história humanidade e da história da natureza. XIX Com isso não quero dizer que esta cultura é “ruim”, mas que não pode ser valorizada como algo sagrado, pois assim se enrijece, devendo ser usadas apenas como instrumento de emancipação, por sua utilização critica na forma de interpretação, direcionando a mente para criação, para livrar o espírito do conformismo que se quer tradição, partir da tradição para o novo em diálogo com o tradicional, de certa maneira realizando-o, mas indo além, enfim direcionando a cultura para a luta do dia dia, para emancipação. Ajude o autor depositando qualquer quantia na conta do banco do Brasil, poupança, agência 7051-3, conta 191.878-8

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Hoje o dia foi razoável, tirando uma briga de manhã com minha mãe... que se irou pelo fato de eu não ter pedido licença para passar enquanto ela varria a cozinha, se irritando comigo e me dando uma lição de moral de uns 50 min, foi tudo bem...tentei ir ao centro vender meus livros para conseguir alguma grana, mas no caminho desisti o calor e a hora  me fizeram desistir da empreitada.Agora uma chuva se aproxima...e o vento quebra o calor seco do dia!